segunda-feira, 19 de março de 2007

2003 - Segundo ano de campanha

Segundo ano, segundo testemunho como voluntário para o Almanaque do "ACTV".


Decorreu na última quinzena de Julho a segunda campanha de escavações no castelo de Alcobaça, com o apoio da Câmara Municipal. Pela segunda vez o ACTV acompanhou de perto os trabalhos “in loco”, fazendo questão de fazer saber a todos vós o empenho e dedicação dos que lá estiveram, orientador e voluntários. Com uma equipa algo maior em relação ao ano passado, abriram-se novas áreas de escavação sob a orientação do Arqueólogo Jorge António, que repartiu a equipa em três grupos, escolhendo assim alargar em termos de espaço a intervenção tanto para Sul como para Este. Foram 15 dias de trabalho, o mesmo que no ano passado, mas que se revelaram mais frutíferos por isso mesmo. Foram postas a descoberto estruturas que delimitaram novos compartimentos, mais três áreas foram abertas para além da “herdada” do ano passado. Não foi preciso esperar muito para começar a ver surgir material do séc.XVII, encontrado na primeira camada estratigráfica. Tal como anteriormente, descobriram-se fragmentos de cerâmica, vidrada ou não, faiança, moedas, utensílios de cozinha como facas ou colheres, contas de rosário ou terço, embora em menos quantidade.
O calor persistia, foram dias difíceis para os que ali trabalhavam debaixo do sol intenso. À hora de almoço retemperavam-se as forças e continuavam-se as conversas. Devo dizer que um dos lados positivos desta campanha de escavações foi a criação de laços de amizade entre pessoas que afinal partilham um gosto comum, a História, que tem enriquecido desde o ano passado com as descobertas que lá têm sido feitas. Estas descobertas, de grande valor arqueológico, têm-nos ajudado a compreender um pouco melhor a história do nosso castelo e dos seus múltiplos habitantes. Entre estas destacam-se:
- Uma pulseira de vidro, duas lamparinas medievais, alguns dedais trabalhados, vários medalhões com temas religiosos (S. António, S. José, N. Senhora), e um objecto curioso, uma esfera de pedra maciça, do tamanho de uma bola de andebol que se presume ser uma “bola de arremesso”. Um projéctil de catapulta usado para fins militares. Material mais antigo presumivelmente do Séc. XVI.
Para o ano está prevista a terceira campanha, continuando com o trabalho e com a amizade. Podemos prever ainda a descoberta de níveis de ocupação mais antigos à medida que os trabalhos irão decorrer.
Provada está, pelos objectos encontrados, a ligação entre o castelo e a povoação até meados do Séc. XVIII, algo que não acontece hoje em dia.
A indiferença é actualmente o pior inimigo do monumento.
A população de Alcobaça terá brevemente a oportunidade de olhar de perto estes e outros objectos que vão sendo encontrados e estudados.



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